Não se preocupe, máquinas não se divertem

Onde fica o ser humano nisso tudo?

Por Fábio Alberici, Sócio da Comunicare

Artigo originalmente publicado no Meio & Mensagem.

Há pouco mais de 20 anos, releases eram transmitidos por fax, artes e vídeos seguiam por motoboy e newsletters eletrônicas eram montadas na unha e mailings chegavam em disquetes. Mídias sociais, monitoramento online em tempo real, toneladas de dados disponíveis, análise profunda da user experience e outras coisas corriqueiras nos dias de hoje pareceriam ficção científica, coisa do filme Missão Impossível, que, aliás, estreava.

O e-mail chegou (e já ruma ao ocaso), bancos de informação online idem, há softwares para todos os gastos e gostos, redes sociais e de mensagens dominam a atenção. Mas, o que mais se destaca quando falamos de tecnologia para agências de comunicação são os SaaS, ou software as a service. Não se compram mais softwares, você paga conforme uso em pacotes ou mensalidades. Ou alguém ainda utiliza mídia física para instalar programa e fica com ele até a nova versão chegar?

Em era de comunicação e mensuração em redes sociais, com novas plataformas bombando a cada temporada e volume inimaginável de interações e dados, eles são fundamentais para qualquer agência — do pacote Adobe ao monitoramento real time, toda (ou quase) tecnologia das agências está baseada em nuvem e sob demanda. As novas tecnologias em nuvem são mais flexíveis e acessíveis, mas ainda exigem muita pesquisa para determinar qual a mais relevante para seu negócio, ou melhor para cada um de seus clientes, pois as necessidades são diferentes.

O LinkedIn ainda traz muitos desafios para relatórios automáticos, alguém conhece uma solução boa?

O Instagram está em guerra com os bots de interação; isso já chegou ao fim?

O inbound marketing suga dados como nunca; o que fazer automaticamente com eles, ainda mais em tempos de LGPD?

O cliente quer entrar na febre do TikTok; e agora, como mexer com isso sem ser artesanalmente?

Vídeos têm que ser legendados para maior audiência — confio no sistema colaborativo do YouTube, ou completo o serviço que a AWS só entrega em partes?

A mesma imagem que puxamos do Shutterstock para o cliente de gastronomia ilustra o app de um banco gigante. Mantemos?

Alguém sabe como fazer para o remarketing parar de consumir verba depois que o lead já virou consumer e adquiriu online na minha loja aquele tênis/perfume/celular/curso pesquisado?

Como se vê, as novas tecnologias avançaram demais no mundo da comunicação e marketing, mas têm ainda mais desenvolvimento à frente para não serem trocadas por concorrentes ou mesmo ficarem obsoletas de um dia para o outro — como os bots de interação em Instagram que usávamos na agência, que simplesmente perderam a função. A necessidade de inovação é diária. Onde fica o ser humano nisso tudo?

Afinal, inteligência artificial e machine learning começam a permear essas traquitanas virtuais, então, a preocupação é justa. Além de ser quem fica de olho em tudo, entende como equipes e clientes interagem com a tecnologia, questiona sua eficácia como acima, o ser humano fica com a parte mais importante do trabalho. É nossa toda a área que compreende empatia, ideação, design, criação, experiência — ou seja, tudo que não é repetição e exige criatividade, que para Albert Einstein, é a inteligência se divertindo.
Máquinas não se divertem (ainda).